quarta-feira, 25 de novembro de 2015

A CONFUSÃO DO SISTEMA DE CICLOS


NOTA DO BLOG: Achamos interessante esse artigo pelo fato de abordar um assunto interessante em nossos debates de reuniões de módulo 2.
Temos dito que concordamos com muitos avanços da educação, a única coisa que não dá para concordar é com a "PREMIAÇÃO DA MALANDRAGEM".
Outro fato que mencionamos em outras oportunidades é que estamos implantando ora artifícios do ciclo em sistemas de seriação, ora artifícios de seriação no sistema de ciclo. Interessante também o puxão de orelha que Rudá Ricci dá na parte "burra" da esquerda. 
É necessário debater a fundo a questão do ciclo. Se não há como reprovar, também não há aprovação. A aprovação só existe mediante a possibilidade da reprovação. Aprovação e reprovação são questões dialéticas entre si. Uma existe em função da outra.
Mas juntamente com o sucateamento da educação, faz-se confusão com o ciclo. Desde 1997 que defendemos o ciclo, mas o ciclo de fato, e não o falso ciclo de nossas escolas. 
Interessante que também defendemos a questão da reenturmação. Que ela ocorra bimestralmente. Abordaremos essa ideia em outra postagem. 
Leia o que o sociólogo Ruda Ricci tem a nós dizer:
A CONFUSÃO E TANTO ENTRE O QUE ALCKMIN ESTÁ FAZENDO E O SISTEMA DE CICLOS

Existe uma parcela da esquerda tupiniquim que não entende nada de educação e faz críticas ao sistema de ciclo. Deveriam estudar um pouco mais e entender que a seriação é um sistema taylorista de condicionamento de comportamento.
A seriação foi criada no final do século XIX e tem por objetivo definir um currículo standard focado na ideia de "homem boi", de Taylor. Já o sistema de ciclos de formação, acompanha as fases de desenvolvimento definidas em Piaget e Wallon e tantos outros.
A partidarização que tomou conta do debate educacional no Brasil acaba por jogar o bebê com a água do banho.
Aliás, este debate é antigo. Em 1958, no Rio Grande do Sul, foram criadas classes especiais para o atendimento de alunos com dificuldades, uma maneira incipiente de reenturmação. Os alunos prosseguiam de acordo com seu próprio ritmo de aprendizagem. O primeiro texto sobre ciclo ou seriação publicado no Brasil é desta década de 1950, publicado no RS. O título deste artigo, premonitório, era: "Promoção automática ou progressão continuada?". O autor descartava promoção automática em ciclo.
Santa Catarina, em 1969, elaborou seu Plano Estadual de Educação de 1969 instituiu oito anos de escolaridade contínua e obrigatória na rede estadual, extinguindo os exames de admissão e implantando o sistema de ciclos. Adotaram avaliação contínua dos alunos, abolindo a reprovação ao longo das quatro primeiras e das quatro últimas séries, do que viria a chamar-se ensino de primeiro grau. Ao final das 4as e das 8as séries foram implantadas classes de recuperação para aqueles que não logravam o desenvolvimento adequado no processo de aprendizagem, sendo que a escola deveria ajustar o ensino à capacidade e ao ritmo próprio do aluno, procurando obter de cada um o rendimento de acordo com suas possibilidades, ao mesmo tempo em que deveria conduzi-lo à iniciação ao trabalho e à criação de hábitos de estudo.
Ciclo não tem promoção automática em nenhum lugar do mundo. Nem aula de reforço. O que existe é reenturmação. Em ciclo há conselho de classe semanal, avaliando dificuldades de aprendizagem no ato. Professores têm dedicação exclusiva.
O fechamento de escolas em São Paulo não tem relação alguma com o sistema de ciclos. Trata-se de uma medida administrativa. O problema é quando parte da esquerda brasileira embarca na crítica ao sistema de ciclos por puro oportunismo - e ignorância - para desbancar a proposta do partido que é seu adversário.
Enfim, se Paulo Freire, com quem trabalhei, estivesse vivo, teria um ataque cardíaco ao ler bobagens de certa "esquerda" sobre educação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário